“Não é o sofrimento que destrói, mas a ausência de sentido no sofrimento.”
— V. Frankl
A segunda temporada de Arcane é uma elegia à ruína — das cidades, das famílias, das promessas e da razão. Contudo, mais do que tudo, é um retrato dilacerado da memória como campo de batalha. Aqueles que sobreviveram ao primeiro ato da tragédia agora caminham sobre os escombros, tentando lembrar quem foram antes que o mundo desabasse sobre eles.
O poema abaixo não é apenas sobre Jinx. É sobre todos os que foram rasgados entre o desejo de pertencer e o impulso de explodir tudo para não mais sentir. É sobre carregar a esperança como um estilhaço no peito — e ainda assim seguir, mesmo quando o chão insiste em faltar.
Porque, no fim, o voo não começa com asas, mas sim com a queda!
ATENÇÃO: O texto abaixo contém spoilers da série Arcane, primeira e segunda temporadas!
O que resta de mim,
quando tudo o que fui
se estilhaçou nas mãos de quem um dia chamei de lar?Quantas vezes mais a lembrança
precisará sangrar meu corpo
para que eu aceite que um dia fui real?Herdei batalhas que não escolhi,
trago no sangue a ruína dos que vieram antes,
e no olhar, o eco de um amor que se perdeu no ruído.Falaram-me de paz
como se fosse um abrigo,
mas era apenas a pausa
antes que o mundo voltasse a queimar.O amor veio como febre —
intenso, tremeluzente, indomável.
Partiu deixando farpas na carne
e um nome que grita quando tudo silencia.Não fui eu quem caiu.
Foi o chão que desapareceu sob mim.
E agora caminho entre destroços,
buscando os contornos de quem fui antes da primeira explosão.Sonhos?
Sim, tive alguns.
Mas ao despertar, descobri
que estavam armados contra mim.Se esperança for seguir,
mesmo que carregando flores e uma pá,
então sou feito de esperança —
mas sem promessas, sem redenção.Não me peçam fé no final.
O fim não cura.
O fim apenas cala
aquilo que ninguém quis escutar.E se no céu noturno,
algo ainda corta o horizonte —
que seja ela.
Fragmento em fúria que escolheu cair
só para, quem sabe, reaprender a voar.. a amar e ser amada..Poema autoral.
Arcane não é só uma série — é arte em combustão, música em convulsão, sentimento em estado bruto. Espero que aprecie o texto!
I. Jinx — A Loucura como Último Refúgio do Abandono
Existe uma dor que o tempo não dissolve — apenas transforma em outra coisa. No caso de Jinx, essa dor se cristalizou em delírio. Não é uma loucura para escapar da realidade, mas para suportá-la. Uma resposta psíquica àquilo que foi fragmentado cedo demais. Powder “morreu” no instante em que foi deixada para trás — não apenas pela explosão que matou seus irmãos, mas pela irmã que hesitou. Desde então, Jinx nasceu como uma sobreposição: um corpo em guerra com lembranças que já não se encaixam, uma alma marcada por silêncios onde deveria ter havido colo.
Na segunda temporada, a ausência de Silco — que foi simultaneamente seu algoz e sua única estrutura de afeto — a deixa à deriva. E isso é essencial para compreendê-la: Jinx não é uma vilã. Ela é o eco de tudo que foi negado a uma criança. Quando não se aprende o que é amor, aprende-se a implorá-lo em forma de caos. A infância é o berço onde o mundo deveria ser organizado emocionalmente — quando isso falha, resta apenas uma urgência incurável por pertencimento… que se recusado, pode se transformar em um vazio colossal, e ninguém deveria ser obrigado a confrontar um vazio que lhe perturba, que lhe arranca os sentidos psíquicos.
Jinx conversa com os mortos, com seus fantasmas, com bonecas. Mas isso não é delírio no sentido banal. É ritual, memória em carne viva, é a forma como ela segura as partes do que foi. Quando encontra aquela criança em Zaun, vê-se no olhar dela. Pela primeira vez em muito tempo, Jinx não quer destruir — quer proteger. Ela se apega à criança como quem tenta, desesperadamente, voltar no tempo e salvar a si mesma. E quando essa criança morre... algo nela se rompe de novo. Como se o universo dissesse: “Você não será redimida”. Contudo, naquele contexto, Isha se sacrifica por Jinx.. por Powder..
Jinx volta a acreditar, por instantes, que Warwick talvez ainda seja Vander — a figura paterna que ela perdeu ainda em forma de esperança. Ela o vê, ela o sente, ela o chama. A expectativa de um reencontro emocional verdadeiro ressurge. E mesmo que por breves segundos, o monstro parece hesitar. Mas mesmo esse fio se rompe. O que resta a ela? O mesmo de sempre: o abandono.
Ela ajuda Vi. Mesmo depois de tudo, ela estende a mão. Mas o gesto de Jinx não é apenas perdão — é uma súplica por reconexão. Ela quer ser vista. Ela quer ser lembrada.. amada.. Ela quer ser irmã de novo. E, no entanto, nada disso basta para impedir o colapso. Cada bomba que Jinx detona não é só destruição: é linguagem. É a única forma que encontrou de comunicar sua dor. Como se cada explosão dissesse: Me vejam. Me amem. Me salvem.
“I’ve got a war in my mind”, sussurra a trilha sonora. Jinx é esse campo de batalha — onde não se guerreia para vencer, mas para continuar sentindo. Porque sentir, mesmo que seja dor, ainda é prova de que algo pulsa. Ela não é má. Ela não é um erro. Ela é o resultado de um mundo que falhou com uma menina desde o início.
Quando ela cai, no final da temporada, muitos veem morte. Eu vejo persistência. Porque nos últimos segundos, um teleférico corta o céu, sugerindo que a queda não foi o fim — foi uma travessia. E todos nós precisamos dessa travessia..
O que aconteceria se a dor que nos quebrou jamais tivesse existido? Se, no instante crucial em que tudo desabou, alguém tivesse permanecido? Essa é a realidade que Ekko encontra quando atravessa a fenda do Hexgate: uma Zaun onde Powder ainda existe, ainda sorri, ainda ama.
Naquele mundo alternativo, Vi morreu na explosão causada por Powder. Mas algo ali é diferente. A ausência da irmã não gerou a mesma espiral de culpa que vimos na linha principal. Porque Powder foi acolhida. Vander ainda está vivo. Silco, Benzo, Mylo... todos estão vivos. Não houve abandono, não houve quebra definitiva. A criança não precisou se transformar em monstro para sobreviver.
Essa realidade não é perfeita, mas é mais leve. Ekko a atravessa como quem visita um sonho do qual não quer acordar. A conexão entre ele e Powder se reativa como uma centelha antiga, como se suas almas, em qualquer realidade, soubessem se reconhecer. Eles dançam. Eles riem. Eles se beijam. E é nesse gesto que Ekko compreende, com ainda mais força, que talvez algo esteja perdido em sua realidade.
O contraste é brutal. A Powder que ele conheceu se tornou Jinx, uma entidade fraturada pela perda, pelo silêncio, pela culpa. E agora, diante da versão que poderia ter sido, Ekko se vê tentado a permanecer. Porque ali existe beleza. Porque ali existe amor. Mas ele não fica.
E por que não?
Porque Ekko carrega a responsabilidade do tempo
. Ele entende que aquela linha alternativa é uma possibilidade, não uma redenção. A dor vivida em sua própria realidade não pode ser apagada. Ela pode, no máximo, ser reparada. É por isso que ele retorna. Porque, ao ver a Powder feliz, ele decide que vale a pena lutar para salvar o seu real. Vale a pena tentar reconstruir algo, mesmo sobre os escombros do que foi perdido.
Essa parte da narrativa é um dos momentos mais sensíveis de toda a série. Mostra, com elegância e poesia, que nem sempre o melhor dos mundos é aquele sem dor. Mas que a dor que vivemos pode nos transformar em quem terá coragem de salvar os outros. Ekko retorna não por heroísmo, mas por amor. Porque, mesmo que Jinx não volte a ser Powder, ele viu que dentro dela ainda existe algo que pode ser tocado.
Essa realidade alternativa não é só uma especulação. É uma representação simbólica do que significa ter apoio, ter presença, ter cuidado na infância. Powder não virou Jinx porque nasceu quebrada. Ela se transformou em Jinx porque foi deixada sozinha diante da quebra.
Ekko volta. Porque a Jinx que ele conheceu merece, ao menos, a chance de ver que outro mundo é possível. E isso, é o mais revolucionário que se pode fazer por quem amamos: mostrar que ainda há caminho, mesmo que o solo seja instável.
II. Vi & Caitlyn — Éticas em Ruína
A segunda temporada de Arcane faz algo precioso: ela não celebra a amizade, o amor ou a lealdade — ela os interroga. E a relação entre Vi e Caitlyn se torna o espelho dessa tensão. Unidas por uma intimidade crescente, marcada por afeto real e desejo mal resolvido, as duas caminham por estradas que, embora paralelas, não se tocam mais. Vi representa a ação direta, a moral do gesto. Caitlyn, o apego à ordem, a ética do procedimento. Mas o mundo em ruínas ao redor delas parece zombar dessas escolhas.
Vi, sempre impulsiva, se lança contra os sistemas com os punhos — e com o coração também. Para ela, proteger Zaun, salvar Jinx, recuperar alguma dignidade, são atos de amor. Mas por trás dessa luta mora uma culpa irredimível: a de ter deixado a irmã para trás. Vi tenta salvar Jinx, mas talvez não seja Jinx que ela queira salvar — talvez seja a Powder que morreu quando ela hesitou. O desejo de redenção de Vi a torna cega. A cada novo confronto, vemos que sua cruzada não é pela justiça — é por perdão. Ela quer acreditar que, se conseguir segurar Jinx mais uma vez, poderá reverter o tempo.
Caitlyn, por outro lado, já viu de perto o quanto Piltover apodreceu. Mas, como filha da elite, como oficial, como alguém que ainda carrega traços da crença institucional, ela hesita em romper completamente. Sua justiça é racional, argumentativa, quase protocolar — mas também está ferida. Porque ela viu sua cidade sucumbir à corrupção, à manipulação dos conselheiros, à violência contra os de Zaun. E mesmo assim, ela resiste à ideia de que a única justiça possível talvez venha de fora da lei.
Quando sua mãe é assassinada, Caitlyn se desfaz em silêncio. É uma ferida que a série não transforma em fúria imediata, mas em dor retida. Uma dor que fermenta — e se transforma, aos poucos, em sede de justiça. Ou vingança.
A morte da mãe arranca algo de Caitlyn que nem ela sabia que estava lá. Um tipo de luto que não apenas fere — mas reorganiza tudo. Porque perder alguém que se ama de forma tão brutal não deixa espaço para abstrações morais. E talvez aí esteja sua tragédia: Jinx, a assassina de sua mãe, é também a irmã da mulher por quem ela sente desejo. O afeto por Vi colide com a ferida que Jinx abriu. Como amar alguém cuja dor é gerada pela mesma mão que destruiu a sua?
Vi confronta Caitlyn mais de uma vez, querendo arrastá-la para o seu mundo — para a urgência, para o gesto imediato, para a raiva que não espera. Caitlyn hesita. Teme. Questiona. E entre as duas, a rachadura cresce. A tensão entre ética pessoal e moral coletiva se torna insustentável. Porque amar alguém não significa ser capaz de acompanhá-lo até o fim. E talvez a tragédia entre Vi e Caitlyn esteja justamente nisso: elas se tocam, mas, por vezes, não se entendem.
Elas caminham por escombros, literalmente e metaforicamente. E se perguntam, ainda que em silêncio: quem se torna o monstro quando todas as pontes caem? Porque lutar por justiça em um mundo quebrado exige mais do que força ou razão — exige perder algo de si. E as duas, ao fim da temporada, já perderam muito… menos uma à outra.
III. Viktor — A Metamorfose do Humano e a busca pela cura inatingível
A cura, para Viktor, nunca foi apenas sobrevivência. Ela era um projeto de redenção do corpo — um corpo frágil, marcado pela doença, pela impotência e pelo atraso diante do mundo que avança. Desde a primeira temporada, seu vínculo com o Hexcore não é tecnológico: é espiritual. Ele quer transgredir as limitações da carne, mas o que encontra no caminho não é transcendência — é esquecimento.
Na segunda temporada, Viktor já não é apenas um cientista. Ele é um monge do abismo. Recolhido nos subterrâneos, transforma-se em uma figura quase litúrgica.. religiosa, cercado por seguidores que o veem como um curador — um messias da técnica. Mas o que ele oferece não é vida, é anestesia. E cada avanço que realiza o afasta mais do que resta de humano em si. Seus olhos, antes carregados de inquietação, agora são espelhos opacos de uma dor que nem sabe mais nomear.
Há um momento belíssimo em que ele caminha pelas paisagens psíquicas da própria mente, um desfile de memórias despedaçadas que se dissolvem como poeira digital. Ele vê rostos que não pode mais tocar. Vozes que já não reconhece. E então entende: o progresso que sonhou construir o desconectou do tempo, da história, da linguagem — de tudo aquilo que nos ancora no mundo. O Hexcore é uma entidade viva, mas sem ética, sem afeto. Um código que consome sem dar sentido.
O que Viktor tenta alcançar é um sonho antigo: livrar-se da dor. Mas o preço disso é a erosão de tudo que faz de nós humanos. Ao tentar eliminar os males do mundo — o sofrimento, o trauma, a fragilidade — ele também apaga a memória, a sensibilidade, o amor. A proposta de Viktor é tentadora porque promete paz. Mas é uma paz sem pulsação. Um paraíso clínico, onde todos compartilham uma única mente — a dele —, livre de erro, mas também livre de escolha.
Essa ilusão — de uma sociedade sem dor, guiada por um intelecto superior — já foi vendida por muitos ao longo da história. A ideia de que se eliminarmos o erro humano, eliminaremos também o caos. É a tentação dos falsos messias, dos tiranos bem-intencionados, dos dogmas religiosos que transformam a fé em controle. O mundo que Viktor tenta criar não é novo. Ele é apenas a versão mais brilhante do totalitarismo emocional. E, como todo totalitarismo, disfarça-se de redenção.
A Gloriosa Evolução Amizade
Jayce, por outro lado, representa o vínculo que ainda resta. A amizade entre os dois é uma das forças mais belas da temporada. Mesmo após tentativas de assassinato, divergências ideológicas e traições, o afeto entre eles resiste. Jayce descobre que Viktor, em outra linha do tempo, foi quem o salvou quando criança. E que, em diversas realidades, foi o próprio Viktor quem o guiou até a fonte da magia. Isso reconfigura tudo: Viktor não é apenas um gênio que se perdeu. É um homem que, mesmo do fundo de sua convicção destrutiva, ainda queria ser salvo.
O clímax de sua relação vem quando Jayce estende a mão. Viktor poderia ter absorvido toda a humanidade. Poderia ter vencido. Mas o toque de um amigo, o gesto simples de um abraço, rompe o ciclo. Viktor entende que o que nos torna humanos não é a ausência de sofrimento — é a capacidade de, mesmo feridos, continuarmos escolhendo uns aos outros.
Viktor e Jayce destroem a Hextech. Não por medo do que ela pode fazer, mas por amor ao que ela poderia nos tirar. A individualidade. A memória. A imperfeição. A alma.
Arcane não nos mostra um Viktor corrompido — nos mostra um Viktor vazio.. ou preenchido até demais. O preço da cura foi a erosão da dor. E viver sem dor, talvez, não seja viver — apenas funcionar. Viktor percebe que a verdadeira evolução não está em controlar todos, mas em permitir que cada um encontre o próprio caminho, por mais errático, falho e doloroso que seja.
O destino dos dois permanece incerto. Talvez tenham morrido. Talvez tenham sido lançados para outra realidade. Mas o que importa é o gesto final: a escolha consciente de não se render ao fascínio do absoluto. De confiar, mais uma vez, na liberdade frágil do humano.
Porque, no fim, a redenção só é possível quando nos reconhecemos como imperfeitos — e, ainda assim, amáveis.
Assim, a trajetória de Viktor também ecoa como uma elegia do transumanismo fracassado. Porque a pergunta não é apenas “até onde podemos ir com a tecnologia e a cura?”, mas: “quem somos depois que chegamos lá?” E a resposta, no caso de Viktor, é devastadora: ninguém. Ele não se tornou um monstro. Tornou-se ausência. Tornou-se ruído. Tornou-se o silêncio de tudo aquilo que um dia foi sentimento.
A trajetória de Viktor nos obriga a pensar até que ponto o desejo de sobrevivência e evolução justifica a perda da própria essência. Quando a cura exige abrir mão do que nos torna humanos, ainda é cura? Ou é apenas uma metamorfose fria, em que a alma se dissolve para dar lugar à eficiência?
Conclusão — Ninguém Sai Ileso de Si Mesmo
Arcane nunca foi sobre magia ou ciência, sobre rebeliões ou tecnologia. Sempre foi sobre feridas. Sobre o que fazemos com elas. Sobre os mundos que criamos quando o mundo à nossa volta nos vira as costas.
Na segunda temporada, não há vilões no sentido clássico — há sobreviventes. Pessoas tentando fazer sentido do que restou após o colapso. Jinx não quer ser redimida, quer apenas não desaparecer. Vi não quer salvar a irmã — quer salvar a si mesma da culpa. Viktor não queria poder — queria tempo. Caitlyn ainda acredita que justiça é possível, mesmo quando todas as estruturas gritam o contrário. E Jayce, perdido entre dever e saudade, escolhe o afeto acima da glória.
Ambessa, por sua vez, nos lembra que até o poder mais cruel se ancora em traumas antigos. Ela não luta apenas por conquista: luta por um legado. E mesmo diante da destruição, permanece imponente — como uma estátua erguida sobre ossos. Seu caminho é o da dominação, mas também o da sobrevivência. Em outro tempo, talvez tivesse sido apenas mãe. Mas a guerra não permite pausas para ternura.
Por trás das explosões, dos algoritmos, das estratégias de guerra, o que pulsa é sempre a mesma pergunta: como seguir vivendo depois de ter sido partido? Arcane não responde. E talvez seja essa sua maior honestidade. Porque há dores que não se curam, apenas se aprendem a carregar. Há silêncios que não cessam, apenas se aprende a ouvir.
Se Jinx sobrevive — e o teleférico cortando o céu talvez nos diga que sim — não é porque venceu a dor. É porque aprendeu a viver com ela. Sobre os escombros do que um dia foi lar, sobre os destroços do que um dia foi afeto, ela ainda respira. E isso, é um milagre que não tem nome.
No fim, ninguém sai ileso de si mesmo. Mas se conseguimos encontrar, entre uma ruína e outra, alguém que nos veja, que nos escute, que nos ame mesmo quando não sabemos como nos amar — então talvez ainda haja algo por que continuar. Talvez, só talvez, ainda reste uma faísca, ascesa em quem amamos ou em nós mesmos..
E com uma faísca, até o caos pode ser reescrito.
Agradeço profundamente a você que chegou até aqui — não apenas pela leitura, mas pela entrega silenciosa que um texto exige. Escrever é, no fundo, um convite à partilha: de pensamentos, de abismos, de faíscas. E cada palavra que encontra um leitor disposto é como uma luz acesa num corredor escuro.
Talvez você tenha se visto em Jinx, em Viktor, em Vi ou Caitlyn. Talvez apenas tenha sentido algo mover dentro de si — uma memória, um incômodo, um eco. Seja como for, essa resposta não é pequena. Ela é sinal de que ainda estamos vivos. De que, apesar do ruído do mundo, há escuta. E onde há escuta, ainda há vínculo. Ainda há gesto. Ainda há vida. E eu amo a vida e quero que você a ame também.
Obrigado por permitir que estas palavras tocassem algo em você. Seguimos — com as dores que não cessam, com os amores que ainda doem, com os sonhos que insistem. Porque, como Arcane nos mostra com a beleza de quem não se desculpa por sangrar, o que importa não é sermos inteiros, mas sermos verdadeiros — mesmo quando fragmentados.
Nos vemos no próximo abismo. Com poesia. Com silêncio. Com coragem. Obrigado novamente!
Everything about this was beautiful. The sentences, the structure, the ideas, the poetry. You are a talented writer, and I can't wait to read more of what you post here. Thank you for speaking to my soul.